sexta-feira, 2 de maio de 2008
As Palavras Assumindo uma Nova Função.
Principais Pintores Futuristas e Algumas Obras
Todos tinham a convicção de que o significado do artista e sua obra iam além do ateliê, do salão ou do museu, e de que a visão do artista era o elemento decisivo que marcava o compasso do desenvolvimento da sociedade. Assim, a “vanguarda” achava-se, por definição, adiante do resto da humanidade, sendo que esta acabava adotando sua visão pioneira.
Giacomo Balla
Giacomo Balla revela-se um artista fortemente comprometido com a política socialista e com a descrição da classe operária, dos despossuídos, dos marginalizados, fracassados e dementes. Em “Dia de um trabalhador” (1904) ele divide a tela em três partes a fim de mostrar os momentos da jornada de trabalho dos operários da construção civil. Detecta-se um forte, ainda que melancólico, sentido de modernidade na formação geométrica do prédio em construção, assim como a impressão da vida humana ordenada pela determinadora grade física e psicológica da vida urbana.
Em “Poste de iluminação” (1909) inspirou-se em um dos primeiros postes de iluminação elétrica instalados em Roma e deve ter sido uma resposta inicial ao manifesto de Marinetti e a outros textos contemporâneos. Aqui a eletrificação contemporânea da Itália evoca uma fonte de luz feita pelo homem, ou masculina, que vence o poder feminino da lua, a mítica fonte dos ritmos do mar, do amor e da loucura. É significativo o tema oculto do desprezo pela mulher.
A pintura de Balla traz em si um peso de preocupações culturais complexas, ainda que contraditórias, que ultrapassam as questões técnicas ou a apropriação estilística.
Poste e iluminação (1909)
Umberto Boccioni
Foi aluno de Balla em Roma na virada do século, compartilhavam a visão socialista e humanitária, assim como a idéia concomitante de que os seres humanos são produtos do meio. Com Balla, Boccioni aprendeu os princípios do divisionismo, a versão italiana do neo-impressionismo francês, no qual pequenos pontos, manchas e traços de pigmentos se organizavam com precisão quase cientifica a fim de emular a luz e a atmosfera naturais. Voltou-se para uma versão pessoal do simbolismo. No entanto, em 1909, identificara sua arte com interesses obviamente mais modernos nos temas e na técnica.
Em “Fábricas em Porta Romana” (1909), mostra uma região industrial na zona norte de Milão, onde ele morava, e dá continuidade ao tema da construção e da expansão urbana contemporâneas, encontrado cinco anos antes em “Dia de um trabalhador” de Balla. Boccioni sugere a energia vibrante de uma região agrícola que vai se transformando em um subúrbio de fábricas com as novas estradas, moradias de operários e chaminés a expelir fumaça. Sua pintura é claramente comprometida com a heróica industrialização, símbolo da modernidade da Itália.
Já numa nova fase de experimentação Boccioni, em “A cidade se levanta” representa extrema energia e entusiasmo. O descreve em carta para amigo como “uma grande síntese de trabalho, luz e movimento”. Pintaram uma imagem de ação violentamente energética em um canteiro de obras, com operários, cavalos gigantes, construções e bondes. A obra foi ofendida pela critica como uma experimentação que não teria dado certo.
Fábricas em porta romama (1909)
Carlo Carrà
Carrà trabalhava em Milão, também havia desenvolvido, durante os primeiros anos do século XX, uma técnica divisionista aliada a temas realistas que herdara de seu professor Cesare Tallone. Em obras como “Saindo do teatro”, Carrà apresenta um mundo metropolitano noturno irradiado de luz elétrica, no qual as figuras humanas espectrais parecem dissolver-se numa atmosfera multicolor em que o primeiro plano e o fundo se misturam no plano do quadro. A sensação de anticlímax, ao fim do espetáculo, é produzida pelas figuras inclinadas para frente que se dissolvem na noite. O espaço psicológico se funde com o físico.
(Fonte: Movimentos da Arte Moderna - Futurismo, Richard Humphreys. Ed. COSAC&NAIFY)
A Reconstrução Futurista do Universo
1. Devemos destruir a sintaxe e espalhar nossos substantivos a esmo, exatamente como eles nascem.
2. Devemos usar o infinitivo, porque ele se adapta elasticamente aos substantivos sem subordiná-los ao “eu” do escritor que observou ou imaginou.
3. Devemos abolir o adjetivo a fim de permitir que o substantivo nu preserve sua cor essencial...
4. Devemos abolir o advérbio, antiga fivela de cinto...
5. Todo substantivo precisa ter o seu dublê; isto é, o substantivo deve ser seguido, sem conjunção, pelo substantivo ao qual se relaciona por analogia. Exemplo: homem-torpedo-barco, mulher-golfo, onda-multidão, praça-funil...
Ele chega a propor, entre outros gestos iconoclastas, a abolição de pontuação e sua substituição pela matemática e pelos símbolos musicais. Extensão e o aprofundamento das analogias, antecipando, assim a concepção surrealista da escrita. Marinetti propõe a destruição do “eu”, “ou seja, de toda psicologia... a fim de capturar o alento, a sensibilidade e os instintos dos objetos livres e dos caprichosos motores”.
Marinetti afirma, no manifesto “Destruição da sintaxe”, que o “futurismo se fundamenta na renovação completa da sensibilidade humana engendrada pelas grandes descobertas da ciência. Ele dilata o alcance dos artifícios futuristas a fim de incluir o “adjetivo semafórico”, a “onomatopéia”, a “revolução tipográfica”, o “lirismo multilinear” e a “livre ortografia expressiva”. O efeito desses termos recém-cunhados foi ampliar não só as possibilidades semânticas da linguagem, como também sua dimensão visual. As experiências tipográficas de celebrado livro de Marinetti Zang Tumb Tumb, de 1914, foram o mais bem-sucedido exercício de ruptura das barreiras entre as palavras e as imagens e, assim, de denotação do edifício das distinções conceituais. O livro se inspira na guerra,” a única higiene do mundo”, e tem a capa baseada nas formas das ondas de choque dos explosivos brisantes e no desenho de um avião em vôo.
Embora nem sempre bem-sucedidas e decerto não inteiramente originais, as experiências literárias de Marinetti significaram um desenvolvimento no projeto modernista de reconfigurar a criatividade, a consciência e a forma estética à luz das mudanças da tecnologia e da ciência, as quais ele identificou como a força motriz da experiência do século XX.
(Fonte: Movimentos da Arte Moderna - Futurismo. Richard Humphreys. Ed. COSAC&NAIFY)
quinta-feira, 1 de maio de 2008
Aeropintura
A aeropintura (aeropittura) foi uma grande expressão do Futurismo nos anos 30. A excitação da tecnologia e do vôo, diretamente experimentada pela maioria dos aeropintores, ofereciam paisagens aéreas como nova possibilidade de tema para a pintura. Mas essa técnica teve variações de acordo com o gosto dos pintores no tratamento do realismo, por exemplo. Variavam também em abstração, dinamismo, retratos de Mussolini, pintura religiosa e arte decorativa. Foi lançada num Manifesto em 1929, "Perspectivas de Vôo", assinado por vários artistas, incluindo Marinetti. "Mudar perspectivas de vôo constitui uma realidade absolutamente nova, que nada tem em comum com a realidade tradicionalmente constituída por uma perspectiva terrestre, e pintar por essa nova realidade requer um profundo desprezo pelo detalhe e a necessidade de sintetizar e transfigurar tudo."
A pintura futurista
Mas “o plano de uma tela não permitia a sugestão do volume dinâmico da velocidade”, e daí surgia a necessidade de explorar outros meios, como a escultura, por exemplo...
*As informações deste texto foram tiradas de www.wikipedia.org
Tipologia futurista
Além disso, os futuristas costumavam colocar as palavras em ângulos não habituais, o que dificultava a impressão. As frases futuristas são fragmentadas e palavras são usadas ao acaso para dar idéia de velocidade e dinamismo. Entre os futuristas havia também certo desprezo por regras gramaticais e sintáticas, um dos motivos que os levava a fragmentar suas frases.
Capa do livro Zang Tumb Tumb de Filippo Marinetti, 1914.